Sunday, November 20, 2011

Couscouz Marroquino











O cuscuz é uma iguaria encontrada em vários lugares do mundo. De acordo com o lugar, sofre variações quanto ao tipo de farinha utilizada, carnes, vegetais ou queijos.
O cuscuz paulista tem uma consistência firme, geralmente preparado em formas de bolo; feito com farinha de milho e às vezes de mandioca, legumes e sardinha, atum ou camarão. O mineiro tem mais aspecto de “angu” e pode ser preparado com carnes, frangos e linguiça. O nordestino é feito nas famosas “cuscuzeiras” que cozinham a farinha de milho no vapor; ele geralmente é comido puro, com manteiga de garrafa; também pode-se adicionar queijo coalho e até coco. Diferentemente do paulista e do mineiro, que são servidos nas refeições “maiores”, o nordestino é servido no café da manhã e no lanche da tarde. No nordeste também encontramos o cuscuz de tapioca, que é feito com farinha de tapioca, leite ou leite de coco e molhado com leite condensado.
Não sei dizer quem nasceu primeiro, mas noto uma grande semelhança entre os diversos tipos de cuscuz e as farofas que conhecemos, até com o tal Pirarucu de Casaca, cuja receita já foi publicada nesse blog e também com a deliciosa paçoca e carne seca, batida com farinha de milho no pilão. Todas essas receitas têm um denominador comum: são pratos bastante calóricos, à base de farinha e carnes, feitos para “encher o bucho” por longas horas.
A origem mais provável do cuscuz é a região de Maghreb, no norte da África e as teorias mais aceitas é de que tenha chegado à Europa e se espalhado pelo mundo com a invasão muçulmana.
Nem mineiro, nem paulista, nem baiano. Hoje é dia de Couscous Marroquino. Couscous mesmo, como se escreve em suas origens. Conheci o couscous marroquino na casa de uma amiga descendente de árabes. Mas ela o preparava do mesmo que encontramos em alguns restaurantes, “temperado” com legumes, salsa e nozes, acompanhando carnes e peixes.













É uma excelente forma de comê-lo, até porque é um prato leve, bastante nutritivo e muito fácil de preparar, já que a semolina usada em sua preparação é uma espécie de “massa” pré-cozida derivada do trigo. Sendo assim, basta adicionar água fervente com azeite e sal e dentro de poucos minutos está pronto para comer.
Mas o Couscouz Marroquino é um pouco mais complexo. Anote aí seus ingredientes:
1 kg de semolina de trigo (Facilmente encontrada nos supermercados)
1 kg de paleta de cordeiro cortada em cubos
1 kg frango (eu prefiro usar somente as coxas)
1 kg de Merguez (é uma linguiça de cordeiro apimentada; caso não encontre substitua por outro tipo de linguiça fina)
1 kg de tomate para molho
1kg de cenoura
1kg de abobrinha
½ kg de nabo
2 kg de tomate para molho
300g de salsão
100g de uva-passa
500g de grão de bico
2 cebolas grandes
Alho picado
Salsinha
Cebolinha
Tomilho fresco
Pimenta-do-reino
Cravo
Canela em pau
Páprica
Cominho
Azeite de oliva
½ tablete de manteiga
Sal a gosto
1 copo de vinho branco
1 vidro de água de flor de laranjeira
1 tubo de pimenta para cuscuz Harissa
Modo de preparo:
Em primeiro lugar, coloque as passas de molho na água de flor de laranjeira e acrescente um pouco de vinagre e vodka ou pinga. Deixe de molho de um dia para o outro.
Coloque o grão de bico de molho na água por 3 a 4 horas e depois cozinhe na panela de pressão. Não deixe amolecer muito e reserve.
Preparo do cozido:
Numa panela grande e funda, derreta a manteiga em fogo baixo. Acrescente um pouco de azeite. Quando a gordura estiver bem quente, frite levemente o cordeiro e retire da panela. Frite então as linguiças e o frango nessa gordura. Quando estiverem bem fritos, devolva os pedaços de cordeiro à panela. Acrescente o tomate, a cenoura, a cebola, o alho, o sal, o azeite e as especiarias e faça um ramo amarrado com barbante juntando a salsa, a cebolinha e o tomilho e coloque na panela. Complete com um pouco de água e tampe a panela. Acrescente a pimenta do reino. Quando a cenoura estiver macia, acrescente o nabo, a abobrinha e o salsão. Cozinhe até que fiquem macios.
Preparo da semolina:
Ferva 5 xícaras de de água. Quando estiver fervendo, acrescente o sal e o azeite. E despeje na semolina. Tampe a vasilha e espere de 5 a 10 minutos para a água ser absorvida. Depois, solte a semolina com cuidado com a ajuda de um garfo.
Tudo pronto! Sirva-se com um pouco da semolina, os legumes e as carnes. Despeje um pouco do suculento caldo, regue azeite, jogue a uva passa por cima e coloque um pouco de pimenta.






Na minha opinião, o melhor acompanhamento para o couscous é o vinho. Nos dias frios, um bom tinto. Minha sugestão é o Catena Zapata Malbec, bastante encorpado e perfumado. Mas cai muito bem um branco e até mesmo um rosé nos dias mais quentes.








E bom apetite!

Sunday, November 13, 2011

And the winner is : Banana-da-terra!





É, meus amigos, faz tempo que não apareço por aqui, não é mesmo? É que ando muito atribulado com as coisas do mundo não-comestível e, quando cozinho, tenho optado pelos repetecos, já postados. E devo dizer que ando preguiçoso. Mas ontem bateu uma inspiração pra fazer Pudim de Tapioca. E estava com vontade de comer banana-da-terra frita.



Não sou muito fã de bananas em geral, mas abro uma importante exceção para a banana-da-terra, frita, cozida, assada, feita na brasa, com Açúcar, com canela, com melado. Purê de banana, na farofa, na moqueca. E, depois que fui enfeitiçado pelos espíritos das índias cozinheiras manauaras, fiquei mais apaixonado ainda pelas bananas-da-terra de lá, que eles chamam de Pacovan ou “chifre-de-boi”. Elas têm um sabor delicioso e um tamanho descomunal. Uma de lá vale duas daqui. Quando venho de lá, trago um monte de banana. Uma vez, trouxe um cacho inteiro. Daí, pra não perdê-las, espero amadurecer e meto tudo no congelador.


Foi lá que descobri que as bananas podem ser fritas ou assadas ainda verdes e então elas ficam com um sabor diferente, salgadas. Mas é quando estão maduras que, em minha opinião, revelam seus maiores tesouros.

Em Manaus se come banana com tudo: no café da manhã, fritas ou cozidas, nas tapiocas com queijo coalho e em diversas outras iguarias. Lá também a gente encontra os “chips” de banana doce e salgados, vendidos em saquinhos, nos curzamentos das ruas.

Em minha última viagem a Manaus, experimentei um prato bem interessante: um tapioca gigante, feita na frigideira, recheada com queijo coalho, tucuman( uma fruta azedinha de lá), ovo mexido e banana pacovan. Nem precisa falar que estava delicioso....


Hoje, inspirado na “bananização” da minha mente, resolvi fazer uma experiência: coloquei numa forminha refratária o restinho dos ingredientes do pudim de tapioca que sobrou e, ao final, acrescentei fatias de banana pacovan, cozinhei mais um pouco em banho-maria e depois coloquei para grelhar com queijo parmesão ralado.


E também resolvi “bananizar” meu café da manhã: banana frita na manteiga. E pra dar um toque “chic”, joguei flor-de-sal sobre ela. Ficou fantástico.



Enfim, hoje não é exatamente um blog de “receita”, mas uma respeitosa homenagem a essa iguaria tão deliciosa que Deus botou no mundo.

Banana pra vocês!



Monday, October 10, 2011

Risoto de champignon, presunto parma e castanhas com geléia de maçã, pera e nozes chez Bistrô do Fofinho em Paris.


Nas minhas últimas viagens a Paris, tenho me hospedado em apartamentos alugados ao invés de hotéis. Além de ser uma opção barata, eu me sinto mais à vontade do que num hotel e ainda dá pra aproveitar a descontração e cozinhar.
E foi nessa toada, reunindo amigos maravilhosos e hospedados num apartamento bem confortável, que aproveitei para fazer um delicioso risoto por ser um prato fácil, rápido e barato, além de sustentar bastante.
Não há segredo em fazer risoto. É preciso apenas prestar atenção em dois importantes detalhes: o arroz especial e o brodo (caldo). O arroz tem que ser do tipo “grano duro” (grão duro) ou arbóreo, que é um tipo de arroz, mais duro e que permite cozinhar e mexer sem virar pudim, além de formar um delicioso caldo cremoso com o amido. O brodo é o caldo feito com legumes e temperos ou com o próprio caldo da carne, frango, ou peixe que vai ser usado no risoto, o que torna seu sabor muito mais especial.
Desse modo, com um bom arroz e com um bom caldo, é possível inventar vários tipos diferentes de risotos, além dos clássicos. O bom do risoto é que, além de tudo, é possível prepará-lo com muito poucos ingredientes e o resultado é quase sempre surpreendente.
Então anotem aí os ingredientes:
1kg de arroz arbóreo (bem servido para 6 pessoas famintas)
01 cabeça de alho
01 cebola grande
01 maço de manjericão fresco
04 tomates rasteiros maduros picados
200g de manteiga
200g de presunto cru
200g de amêndoas em lascas
350g de champignons pequenos
200g de queijo gruyère ralado
½ litro de vinho branco
Azeite de oliva extra-virgem
Sal
Manjericão fresco
Pimenta do reino
Açafrão
Herbes de Provence
Geléia de Pêra, Maçã e Nozes (ou outra geléia que agrade)
Numa frigideira pré-aquecida, despeje as amêndoas e vá sacudindo a frigideira para não deixar queimar, até que elas fiquem douradas e crocantes. Deixe separado.
Para fazer o brodo, coloque numa leitiera ou chaleira:
03 dentes de alho com casca
½ cebola sem cortar
02 ramos de manjericão
01 copo de vinho branco
Sal
Açafrão
Pimenta do reino
Complete com água e leve ao fogo, fervendo bastante. O brodo vai ser usado para cozinhar o arroz e, à medida que for usando, vá acrescentando mais água, deixando ferver o tempo todo.
Para fazer o risoto:
Numa panela grande, derreta a manteiga. Doure o alho e a cebola e acrescente o arroz. Dica: não lave o arroz. Esse tipo de arroz é geralmente mais caro e habitualmente importado; costuma vir limpo e já escolhido. Quando se lava o arroz, perde-se muito do amido que dá a consistência cremosa do risoto.
Coloque cerca de um copo do brodo ( não precisa medir; basta jogar uma quantidade aproximada). Refogue um pouco o arroz e vá mexendo sempre com movimentos delicados para não grudar e acrescentando o brodo pouco a pouco.
Quando o arroz tiver “crescido”, mas ainda estiver um pouco duro, acrescente os champignons e os tomates.
Quando o arroz estiver macio, acrescente um pouco mais do caldo, misture o presunto, as folhas frescas de manjericão e as amêndoas. Acrescente azeite, queijo ralado e, se gostar, uma colherada de geléia.


Para mim, risoto é pra ser comido com vinho. Minha sugestão é um Côtes du Rhône maravilhoso, O Cellier Yvecourt 2009.


E Bon Appétit!

Saturday, September 3, 2011

Farofa Manauara Vegetariana



Não, eu não sou assim “evoluído”. Gosto de picanha, de torresmo, de salsicha e linguiça calabresa. Mas não descarto a opção de uma comida saudável durante a semana. E, pensando nos meus amigos vegetarianos, resolvi criar uma receita “vegan” inspirada no Pirarucu de Casaca que tanto adoro.
Ingredientes:
02 bananas-da-terra maduras
150g de tofu defumado cortado em cubinhos pequenos
200g de manteiga ou 01 garrafinha de manteiga-de-garrafa
01 xícara de PTS (proteína de soja, daquela que parece ração de cachorro)
01 xícara de seleta de legumes
01 xícara de castanha-do-Pará ou de caju
01 xícara de uva passa
02 xicaras de farinha d’água (farinha de mandioca típica do Norte)
Azeitona verde picada
Alho picado
01 cebola picada
Molho de pimenta ou pimenta no tucupi
Azeite
Salsa picada
Cominho
Sal a gosto
Primeiro passo: deixe a PTS de molho na água durante a noite. Após esse período, escorra a água e retire o excesso, esmagando-a com as mãos. Depois corte em pedaços menores.
Segundo passo: corte as bananas em rodelas e coloque pra fritar na manteiga. Elimine o excesso de gordura num papel toalha e reserve.
Terceiro passo: derreta a manteiga numa panela grande. Doure o alho e depois refogue a cebola. Acrescente a PTS e deixe cozinhar até que ela fique bem macia. Não se assuste! A PTS não tem gosto de nada mesmo e tem um aspecto asqueroso de ração. Mas, misturada na farofa, ela “chupa” os temperos e fica com um gostinho bem especial. Acrescente os legumes, as castanhas, um pouco de sal, o cominho e as azeitonas e deixe refogar mais um pouco. Se precisar, coloque um pouco mais de água para o cozido ficar bem molhadinho. Acrescente o tofu e depois vá jogando a farinha e mexendo, para não grudar no fundo. Desligue o fogo, acrescente as bananas e, só no final, a salsa. Jogue azeite ou manteiga-de-garrafa.
Pode ser servido com arroz, uma saladinha e, para os não-vegetarianos, cai bem acompanhando um peixinho e até uma carninha-de-sol.
Se for beber, acho que combina muito uma cervejinha. Eu recomendo a minha deliciosa Colorado Indica.
Bom apetite!

Sunday, August 21, 2011

Pão com Ovo Chique


A gente sempre associa pão com ovo com coisa pobre e cafona. É claro que levar pão Pulmann com ovo mexido esturricado na marmita não é coisa muito sofisticada, mas ninguém pode negar que é uma coisa danada de boa. Mas pra quem se recusa a comer pão com ovo porque teme que suas origens humildes sejam reveladas, ou pelo risco de ser identificado como uma pessoa brega, aqui vai uma boa notícia: rico também come ovo. A única diferença do ovo do pobre para o ovo do rico é o jeito de preparar. Manteiga de boa qualidade, temperos sofisticados. Além disso, ovo de rico de nome e sobrenome: Ovo Poché, Eggs Benedicts, Scrumbled Eggs e por aí vai.
E hoje, domingão friorento na capital paulista, resolvi preparar um pão com ovo chiquérrimo que aprendi na Pousada Chez Louise & Louis, em Juqueí, ou Juquehy, como dizem os milionários. Aliás é uma Pousada que recomendo, mas cuidado! Dizem que, depois que um certo casal gay se hospedou lá sem avisar previamente que era um “casal de dois homens”, quase matando a Dona Louise de infarto do miocárdio, eles geralmente informam, antes de fazer a reserva, que a pousada é para “casais homem-mulher”...
Pegue uma fatia de pão de forma e no meio dele, faça um buraco com a faca, um rodela. Passe manteiga dos dois lados e coloque para dourar levemente na frigideira, dos dois lados. Quando o pão estiver douradinho, quebre ovo e jogue dentro desse buraco, de modo que a gema fique dentro desse buraco. Quando a parte debaixo desgrudar da frigideira, vire o pão de cabeça para baixo e deixe lá até que o pão desgrude novamente. Cuidado para não cozinhar muito, para deixar a gema mole.

Coloque também na frigideira aquela rodelinha de pão que ficou sobrando para dourar. Ela fica deliciosa para molhar na gema.
O resultado é impressionante: parece que o ovo se “funde” com o pão, alterando seu sabor e proporcionando uma experiência gastronômica maravilhosa. Geralmente não é preciso colocar sal, mas fica gostoso completar o paladar com pimenta do reino, flor de sal ou outro tipo de sal gourmet, como um sal trufado.
Eu particularmente adoro esse prato no café da manhã, com um bom café com leite; mas pode ser servido como uma refeição, acompanhado de uma saladinha e um bom vinho.
Já fiz outras experiências com esse ovo. Você pode usar um brioche no lugar do pão de forma e hoje o fiz com um delicioso pão de forma caseiro que ganhei do meu amigo Ubiratã, do Restaurante As Véia, d’O Velhão, na Serra da Cantareira. Para quem gosta de queijo, também fica gostoso acrescentar queijo parmesão ralado e dar uma tostada no queijo, mas eu prefiro o modo tradicional.
Façam bom proveito!

Sunday, August 14, 2011

Delírio luso-amazônico: pirarucu seco com natas e isca de pirarucu





Novamente fui pego pelas Jupiras desdentadas do Rio Negro: é a vingança dos colonizados sobre os colonizadores, reinventando a receita do tradicional português Bacalhau com Natas, enfiando pirarucu no meio das natas. Já faz tempo que essa idéia ronda minha cabeça e, recém chegado de uma viagem a Manaus, trago meus carregamentos de pirarucu para me deliciar com essa maravilha.
O pirarucu seco é vendido no Mercado Municipal de Manaus, junto com os peixes frescos e possui um sabor delicioso, bastante especial. Do mesmo modo que o bacalhau, o pirarucu seco deve ser dessalgado para ser consumido.
Pirarucu com Natas
Ingredientes:
2kg de pirarucu seco dessalgado cortado em pedaços retangulares
6 xícaras de leite 

6 cebolas cortadas em rodelas

Azeite
de oliva extra-virgem
2 colheres (sopa) de farinha
de trigo
4 bananas-da-terra (pacovan) maduras cortadas em tiras
1kg de batata
Noz moscada

2 xícaras de creme nata
Queijo coalho ralado
para gratinar
Sal
a gosto (é provável que não precise acrescentar sal)
Pimenta
do reino 



Cheiro verde
Alho picado


Modo de preparar:


Cozinhar o pirarucu no leite em fogo médio com as cebolas, o alho, um ramo de cheiro verde amarrado, cravo, pimenta do reino e noz moscada. Quando estiver fervendo, vá acrescentando aos poucos a farinha de trigo, mexendo sempre para não empelotar. Quando o peixe estiver cozido, desligue o fogo, retire o creme com cuidado e coloque numa outra panela. Em fogo baixo, acrescente o creme de leite e vá mexendo sempre. Se o creme estiver muito salgado, coloque uma batata e deixe cozinhar até formar um caldo grosso.


Numa assadeira untada com azeite, coloque um pouco do molho por baixo e ajeite o peixe com as batatas e distribua as bananas entre as batatas e o pirarucu. Adicione o creme de natas por cima e cubra com queijo coalho ralado e leve ao forno. O prato estará pronto quando o queijo estiver dourado. Sirva com arroz branco.
Iscas de Pirarucu:
“Isca” é o nome dado a todo tipo de petisco na Amazônia e não apenas os peixes fritos em pequenos pedaços servidos com molho tártaro ou rosé nas barracas das praias do litoral paulista. Lá em Manaus experimentei iscas de vários tipos; entre elas as iscas de siri e de pirarucu, que são feitas como as tradicionais coxinhas, mas maiores e envoltas na farinha d’água. São deliciosas. E já que sobrou pirarucu e batatas que não couberam na assadeira e aproveitando que estou amazonizando a culinária portuguesa ou aportuguesando a culinária amazônica, tratei de fazer as iscas de pirarucu com cara de bolinho de bacalhau!


Modo de preparar:
Amasse bem as batatas já cozidas com um garfo. Desfie bem o pirarucu. Acrescente um ovo caipira e ½ xícara de farinha de trigo. Unte as mãos com farinha e faça bolinhos ovalados. Unte os bolinhos em um prato com ovo batido e depois passe-os na farinha d’água. Coloque ½ litro de óleo para esquentar numa panela e, quando estiver bem quente, frite os bolinhos até ficarem dourados. Sirva com a azeite e molho de pimenta no tucupi.


Ficaram fantásticos!
Para beber, dê à mão à palmatória aos nossos colonizadores: um bom vinho português. Minha sugestão é o bom vinho alentejano Tapada de Coelheiros, distribuído pela Mistral.

E um ótimo apetite!

Sunday, July 31, 2011

Pescada cambucu ao limão siciliano assada na folha de bananeira



Ilhabela, realmente bela. Pena que estava chovendo, mas ótimo pra desfrutar o sossego e a boa companhia dos amigos, além de se fartar de comida boa.
Pra mim, estar no mar é sinônimo de comer peixe, camarão, polvo, lula, marisco, ostra.
E foi nesse contexto que decidi preparar a pescada cambucu. Geralmente sou fã dos temperos mais fortes e sabores mais marcantes, mas decidi aproveitar os limões sicilianos presenteados pela mãe da dona da casa.
O peixe não precisa ser exatamente a pescada cambucu. Qualquer peixe pode ser feito do mesmo modo. Já fiz pirarucu, badejo, pintado, entre outros.


Ingredientes
2 kg de pescada cambucu limpa e sem a cabeça
1 limão siciliano grande cortado em rodelas
Sal grosso
Pimenta do reino ou mix de pimentas moídas
Azeite de oliva extra-virgem
Folhas de bananeira
1 copo de cachaça
Lave bem o peixe na água, depois esfregue o sal em pequena quantidade por dentro e por fora. Abra o peixe como se fosse recheá-lo e coloque um pouco de azeite, as rodelas de limão e jogue o copo de cachaça. Coloque as rodelas de limão que sobrarem do lado de fora do peixe e embrulhe-o na folha de bananeira. Se precisar, pode prender as folhas com barbante ou linha de costurar.
Não costuma ser muito fácil encontrar folhas de bananeira nas grandes cidades. É por isso que, quando encontro, costumo pegar umas a mais e congelá-las para usar depois. Elas podem ser guardadas em pequenos rolinhos presos com barbante, por bastante tempo. Caso não consiga encontrá-las, pode embrulhar o peixe no papel alumínio.
Coloque numa assadeira e leve ao forno médio pré-aquecido por cerca de uma hora. Após esse tempo, abra as folhas com a ajuda de uma faca ou uma tesoura e veja se já está cozido. Você pode levar ao forno por mais uns vinte minutos, com o peixe desembrulhado, para dar uma “corzinha” ao peixe.
Como acompanhamento, peixe vai muito bem com uma salada de legumes, com batata de todo jeito ou arroz branco, mas nesse caso resolvi servir com arroz com camarões e açafrão, além da maravilhosa farinha d’água manauara.

Espero que se deliciem com essa maravilhosa receita.
Quem comeu, gostou muito!

Tuesday, July 5, 2011

Sopa árabe de coalhada com mini-kibes




Ah, as mil e uma noites!!! Acho que ficaria, no mínimo, mil e uma noites e dias comendo comida árabe. Tenho uma amiga que diz que a comida árabe é feita com paixão; e é disso que vem a riqueza de sabores, gostos, cheiros e temperos. Eu concordo com ela.
Eu gosto de tudo o que a culinária árabe tem para oferecer; mas essa receita é uma das mais fabulosas e das minhas prediletas. A primeira vez que tomei essa sopa foi na casa da Maria Luísa, uma artista plástica que era casada com um primo de minha mãe. Muitos anos depois, tomei-a novamente na casa de uma ex-amiga. A amizade foi embora, mas o gosto pela sopa, além de um pequeno truque ocidental para fazer a sopa dar certo, permaneceram na minha memória.
A sopa, na verdade, pode ser preparada de dois jeitos: com kibe ou com capeletti. Quando ela é feita com capeletti, leva o nome de Shishbarak. Tentei pesquisar o nome dela quando é feita com kibes; apareceu apenas o Kibe Labanye, mas eu acho que esse nome se dá a um prato que é feito com kibes grandes cozidos no molho de coalhada, não exatamente uma sopa, embora o gosto seja o mesmo.
Fazia muito tempo que não cozinhava essa sopa e, na semana passada, resolvi fazer para receber uma amigona em casa. Ela adorou.
Então aí vai a receita e aproveitem o friozinho:
Ingredientes dos mini-kibes:
250g de carne moída
01 xícara de chá de trigo para kibe
01 cebola picada
03 dentes de alho picados
01 colher de sopa de azeite
Pimenta branca moída a gosto
Sal a gosto
01 punhado de hortelã picada
01 punhado de salsa picada
01 ovo
Misture todos os ingredientes numa vasilha, até formar uma massa uniforme. Deixe na geladeira por no mínimo duas horas, coberto com um filme plástico. Após esse tempo, o kibe terá absorvido água e a mistura ficará mais firme. Se achar que ficou muito seco, adicione um pouquinho de água e misture novamente, mas é importante que o kibe fique firme para não dissolver no cozimento.
Faça cerca de 20 pequenas bolinhas, aperte bem firme e reserve numa assadeira. Daí vem o truque da minha amiga “turca”: pré-aqueça o forno ou ligue o grill e coloque os kibinhos para dar uma ligeira “tostada” por uns 10 minutos; assim eles ficam com a superfície um pouco mais firme, evitando que se desfaçam na sopa. ( O certo mesmo é cozinhá-los crus na sopa, mas as mães turcas que me perdoem...)
Ingredientes da sopa:
01 cebola picada
04 dentes de alho moídos
01 litro de leite
01 litro de coalhada
02 colheres de azeite extra-virgem
01 punhado de arroz branco
Sal a gosto
Pimenta branca moída a gosto
Noz moscada
Numa panela funda, tipo caçarola, doure o alho e a cebola no azeite. Desligue a panela por alguns instantes para esfriar e então jogue o leite e a coalhada. Para os gordinhos complexados e para as magrelas obsessivas, é possível usar leite e coalhada desnatados mas, como eu sempre digo, é a gordura que traz a felicidade na vida....
Ligue o fogo médio, mexendo sempre para não “talhar”. E adicione os kibinhos com cuidado. Então coloque o punhado de arroz. Se a mistura parecer “talhar” (ficar com aquele aspecto de leite coagulado), não se assuste. Ãs vezes demora um pouco para ficar um creme homogêneo, e mesmo que nao fique, fica bom mesmo assim.
Vá mexendo com muito cuidado para os kibes não se desmancharem e vá verificando se o arroz está cozido. Geralmente, quando o arroz está pronto, a consistência cremosa da sopa já foi atingida. Acrescente a pimenta e a noz moscada.
Sirva com azeite e hortelã com salsinha picadas.
Nada melhor do que um bom vinho para acompanhar esse delicioso prato. Minha sugestão é o Casa Valduga Gran Reserva 2004 – Cabernet Sauvignon.


Bom apetite!

Sunday, May 15, 2011

Polvo grego com batata rústica do Doutor Fofinho




Estou devendo um bom prato de polvo para mim e meus amigos há séculos. Nessa “adicção” amazônica, acabei deixando de lado as outras culinárias tão ricas, como a grega. Adoro fazer moussaká, salada grega com queijo feta. Já fiz muito arroz de polvo, que também faz sucesso por aqui.
Ontem ganhei um lindo e gigante polvo do meu amigo. Geralmente prefiro os polvos menores, que têm a carne mais macia. Mas esse estava fantástico. Cheiroso, fresquinho, com ventosas enormes. Deu água na boca já enquanto estava limpando o bicho.
E então vamos à receita:
01 polvo grande ou 02 polvos médios limpos e cortados em pedaços grandes
05 cebolas pequenas, cortadas em cubos
05 tomates rasteiros pequenos cortados em cubos grandes
04 dentes de alho
Azeitonas Pretas
Uvas passas escuras
Cravo
Canela
Sal
Cominho
Salsa e cebolinha amarrados num barbante
Pimenta do reino sem moer
Um copo de vinho tinto
Azeite de Oliva
Folhas de Louro
Numa panela de pressão grande, coloque o polvo, junto com todos os ingredientes com um pouco de água, exceto o tomate, as passas e as azeitonas. Deixe cozinhar sob pressão por cerca de 30 minutos. Abra a panela e verifique se o polvo está macio e cozinhe mais um pouco caso ainda não esteja bom. Quando estiver bem macio, retire o excesso de caldo (pode reservar para fazer o arroz, ou um risoto).
Numa caçarola ou numa Wok, coloque os ingredientes, exceto a salsa e a cebolinha. Acrescente as azeitonas, as passas e os tomates, além de uma generosa quantidade de azeite. Deixe cozinhar em fogo baixo até o tomate cozinhar bem. Depois destampe a panela e aumente o fogo para o liquido evaporar um pouco.
A batata rústica é muito simples de fazer. Pegue 2kg de batatas pequenas, de casca escura, lave bem e corte em cubos grandes. Coloque numa panela com água para dar uma leve fervura. Cuidado para não deixar amolecer muito, porque senão fica uma porcaria. Escorra bem a água. Unte a assadeira com bastante azeite de oliva e coloque as batatas. Acrescente uns 10 dentes de alho com casca, alecrim fresco ou seco, e sal grosso. Jogue mais azeite por cima. Coloque para assar em temperatura máxima e a cada 15-20 minutos dê uma “sacudida” de leve na assadeira para movimentar as batatas. Elas estarão prontas quando estiverem macias e com a casquinha crocante.


E para beber, acho que comida grega combina com vinho tinto, forte, encorpado, saboroso. Ontem experimentei um tempranillo espanhol saborosíssimo chamado Infinitus. Mas se quiser tornar o almoço realmente grego sugiro o Nemea Tsantali, que tem um sabor muito particular.




E bom apetite! Καλή σας όρεξη !!!