Sunday, February 27, 2011

Festa do Pirarucu.

Faz pouco tempo que soube a delícia que é o pirarucu. E me apaixonei. Hoje considero o melhor peixe que já comi. Tem uma carne tenra, macia e muito saborosa, poucos e grandes espinhos e muito versátil na cozinha. Francamente, nem imagino onde é que ele seja vendido em São Paulo. Tenho “importado” pirarucus de Manaus em minhas viagens a trabalho.

No Mercado Municipal de Manaus, encontramos três tipos de apresentações: fresco, seco (como bacalhau) e “salmorado” (levemente salgado, podendo ser comido cru). Dizem que há um risco grande de comprar jacaré no lugar de pirarucu, por ser uma carne mais abundante e o jacaré (pasmem!) mais fácil de pescar.

Já fiz o pirarucu de vários jeitos: assado na folha de bananeira, na brasa, frito, moqueca, e ao molho de tucupi (o tal do caldo na mandioca brava). Mas a receita que vou deixar hoje é feita com o pirarucu seco, é o “PIRARUCU DE CASACA”, uma receita bem tradicional em toda a Amazônia. É uma espécie de farofa chique amazonense que pode ser comida sozinha como prato principal ou servida de acompanhamento com um pirarucu assado.

O Pirarucu seco pode ser guardado fora da geladeira por bastante tempo, mas eu prefiro deixar congelado porque deixa um cheiro horrível no ambiente. Daí pode ser descongelado da noite para o dia e “dessalgado” de molho na água fria, trocando-se a água por várias vezes. Minha medida para o “ponto” do “dessalgamento” é quando a água não fica mais opaca.

Ingredientes:

1kg de pirarucu seco dessalgado

250g de camarão seco dessalgado, sem cabeça

250g de castanha de caju

250g de seleta de legumes (cenoura, batata, ervilhas, milho,etc)

500g de farinha d’água ou “ova” (é uma farinha de mandioca torrada, bem crocante, em forma de bolinhas)

01 cebola roxa grande cortada em cubos

03 dentes de alho picados

03 a 04 bananas da terra cortadas em tiras e fritas

Salsa e cebolinha picadas

Molho de pimenta no tucupi a gosto

Azeite de oliva ou Manteiga de garrafa

Azeite de dendê (opcional)

Pinga a gosto

Sal (se necessário)

Uma vez dessalgado o pirarucu, corte-o em pequenos cubos. Numa panela grande Coloque o alho e a cebola pra fritar com azeite ou manteiga de garrafa. Eu gosto de adicionar um pouco de dendê, para dar um gostinho. Quando estiverem bem dourados, despeje a banana e, quando ela estiver bem douradinha e macia, adicione o peixe. Deixe fritar e, quando ele estiver pronto, adicione o camarão seco e deixe fritar um pouco. Jogue meia xícara de pinga para dar um gostinho especial. Adicione aos poucos a farinha e vá mexendo, misturando devagar, em fogo alto, deixando a farinha absorver o liquido e cozinhar, ficando com um tom amarelo claro, parecido com farinha de milho.

Você também pode fritar a banana em separado e adicionar somente no final, mas eu prefiro fritar tudo junto. Feito isso, desligue o fogo e adicione os legumes, as castanhas e por último a salsa e a cebolinha. Jogue cerca de meia xícara do olho de tucupi com pimenta e acrescente mais azeite ou manteiga de garrafa. E está pronto. Pode ser comido quente ou frio e fica muito mais gostoso se for feito um dia antes.

Se você quiser, pode adicionar umas folhas de jambu (aquela folha que adormece a boca) previamente refogado em água e sal. Alguns restaurantes costumam colocar batata-palha, mas eu particularmente acho que é “cafonizar” a comida, querendo dar um toque pseudo-contemporâneo. No final, veja se está suficientemente salgado. Geralmente o próprio sal do pirarucu é suficiente, mas às vezes é preciso completar.

Para beber, já tive experiências com vinho branco, espumantes e cerveja. Mas vou recomendar a cerveja de hoje, a Colorado Indica, que tem um sabor encorpado e um aroma de rapadura. Acho que combina com o verão insuportável e com a leveza do prato.


E tenham uma excelente experiência amazônica!

p.s. O pirarucu de casaca de hoje foi servido com rocambole de pirarucu fresco recheado com purê de mandioquinha e cenoura, lascas de maçã, tomate, cravo, canela e pinga, assado na folha de bananeira. A foto ficou horrenda, por isso não vou postar. Mas quem comeu, disse que estava maravilhoso.

Saturday, February 26, 2011

Japa-trial


Peço desculpas aos leitores do blog. Andei relapso nessas últimas semanas. Cozinhei pouco, andei preguiçoso. Em minha última viagem a New York, comprei um DVD que ensina a fazer comida japonesa, chamado “Simply Sushi”. Faz algumas semanas, decidi me aventurar pela primeira vez no mundo da culinária japonesa. Mentira. Não foi exatamente a primeira vez, porque tenho o costume de fazer uma deliciosa salada com bifum (macarrão de arroz) e um delicioso harusame ( macarrão de feijão) com frango e molho oriental. Mas fazer sushi e sashimi é outra história.

O DVD é muito bom, e percebi que é relativamente fácil se aventurar pelos primeiros passos de fazer esses quitutes. Lá fui eu num empório japonês comprar ingredientes, vasilhas e, é claro, uma super faca japonesa. É claro que eu furei meu dedo, o que atrasou um pouco o jantar. O mais legal de tudo foi perceber que montar os “pneuzinhos”, como eu chamava os sushis quando era pequeno, é algo bem fácil. A única coisa que achei realmente complicada foi cortar os peixes, e penso que tudo fico um pouco mais difícil porque os peixes haviam ficado muito tempo fora da geladeira enquanto estava preso no trânsito e ficaram moles demais ao cortar.

Enfim, acho que ficou muito gostoso e recebi vários elogios no quesito “estética”. Não quis ficar detalhando os passos, quis apenas mostrar os resultados. Então: douzo meshiagare!

E para beber, nada melhor do que um delicioso sakê, bem gelado. Comprei inclusive copinhos de bambu para servir gelado. Mas, particularmente, eu prefiro muito mais o Soju, um tipo de sakê coreano, feito de batata, que eu acho muito mais saboroso. Kanpai!


Thursday, February 10, 2011

Salada de penne com molho de chèvre ao vinho e shitake












Ai que calor! Jesus me abana! No modesto ritual de “Bienvenue, mon amour!”, ensaiei de fazer moqueca de pirarucu, quiche de linguiça com gorgonzola, mas o calor cruel me levou a pensar numa coisa mais fácil e mais refrescante. Lá fui eu xeretar nos armários, no freezer para compor algo simples, prático, gostoso e fresquinho. Acho que consegui. E deixo pra vocês a minha receitinha:

250g de penne de tamanho médio

½ pote de shitakes secos da Casino

200g de queijo chèvre

salsa fresca picada

01 taça de vinho branco seco

azeite

aceto balsâmico

molho de pimenta Tabasco

sal

Cozinhe o penne de acordo com sua preferência. Eu costumo usar um pouco de sal e azeite de oliva e gosto da massa um pouco menos dura do que o tal “al dente”. Quando estiver cozido, escorra e enxágüe várias vezes com água fria. Enquanto isso, coloque os shitakes para ferver com água e um fio de azeite até que fiquem bem macios.

Coloque o queijo numa vasilha refratária e ponha para derreter em banho-maria ou no microondas, em potência média, por uns 5 minutos. Quando estiver derretido, misture bem com uma espátula ou colher de pau e adicione a taça de vinho.

Numa vasilha, misture o macarrão, o molho de queijo e os shitakes. Mexa bem, adicione o azeite, um pouco de aceto balsâmico e umas 5 gotas de Tabasco. Misture bem e adicione a salsa fresca. Eu também coloquei um pouco de sementes de dill (“funcho”). Tampe a vasilha e coloque na geladeira por algum tempo para refrescar e sirva em pequenas tigelas.

Para beber, um delicioso Corbière Rosé “Chateau de Caraguilhes”.











E Bon Apétit!!!