Tuesday, March 8, 2011

Hamburguinho do Doutor Fofinho

É difíl encontrar alguém que não goste de hambúrguer. Eu amo. De todos os jeitos. De Big Mac a Hambúrguer com trufas negras do Bistrot Moderne do Daniel Boulud. O máximo de decepção que tive ao comer hambúrguer foi encontrar coisas sem graça, sem tempero, como o do Seu Oswaldo em São Paulo ou o do Corner Bistrot, em New York, esse tipo no Zagat como o melhor de lá. E é claro, detesto aqueles congelados, que são feitos com carne de quinta e deixam aquela meleca de sebo na panela depois de fritos. Sem falar no gosto de papel.

Além disso, abomino quase todas as variações hamburguesas: hambúrguer de picanha, suíno, de avestruz, de javali, de salmão, de atum, de soja, abrindo raríssimas exceções para os de cordeiro, desde que sejam macios e suculentos. Outro dia estava de regime e pedi um hambúrguer vegetariano do New Dog: o catchup estava uma delícia. E ajudava a disfarçar o gosto de papel daquele pesinho de porta que chamaram de hambúrguer. Conclusão: fiquei com soluço a tarde toda.

Já aqui em casa, os hambúrgueres tem sido aclamados. Outro dia quase fiz um velhinho enfartar no supermercado ao me ouvir pedindo um quilo de filé mignon moído.

- Filé mignon moído? O que você faz com isso?

- Vou fazer hambúrguer.

- Onde já se viu! Disse o velho com os olhos arregalados.

Pra dizer a verdade, pode ser feito com qualquer carne boa. Mas eu realmente prefiro com filé mignon. Carne suculenta, pouco gordurosa, cheirinho bom de carne de verdade. A única coisa que não se pode esquecer é de pedir pro cara do açougue “limpar” o moedor antes, para não pagar acém com preço de filé mignon. Sim, porque é comum sobrarem uns restinhos de outras carnes lá dentro.

Mas o que chamei de “hamburguinho” não é um hambúrguer pequenininho. É uma variação do meu hambúrguer tradicional, inspirado naqueles famosos hamburguinhos das lanchonetes de faculdades e lojas de conveniência dos postos de gasolina. É aquele hambúrguer assado dentro de uma massa de enroladinho e que deixa gostoso mesmo o hambúrguer mais seboso. Desde a primeira vez que encarei um desses num posto de gasolina na Avenida Kennedy, em São Bernardo do Campo, enquanto esperava uma tempestade passar, enfiei na cabeça que ia fazer uma versão “chiquetosa” dele.

Sempre que volto de New York, trago comigo umas latinhas de uma passa pronta de croissants – Pillsbury Crescents, que pode ser encontrada aqui no Empório Santa Maria ou na Casa Santa Luzia. Essa massa já vem pronta, picotada em pequenos pedaços e serve para fazer croissants e outras delícias fohadas, além de enroladinhos de salsicha (“Pigs on the blanket”).


E foi com essa massa que cobri o meu delicioso hamburguinho, recheado com queijo gruyère. E aqui vão os passos dessa deliciosa orgia gastronômica:

Receita do Hambúrguer:

500g de carne moída (Já disse: eu prefiro filé mignon!)

01 cebola pequena bem picada

03 dentes de alho

Salsa e cebolinha picados

01 colher de sopa bem cheia de Mostarda Dijon

01 colher de sopa de azeite

Sal a gosto

01 ovo inteiro

02 colheres de sopa de molho inglês

Pimenta do reino moída

100g de queijo parmesão ralado

05 azeitonas picadas

05 alcaparras picadas

03 colheres de farinha de rosca

Coloque todos os ingredientes numa vasilha, mexendo até ficar homogêneo. Se preferir, pode processar todos os temperos juntos para que não fiquem pedaços aparentes. Experimente e veja se precisa completar com um pouco mais de tempero, pois as medidas são estimadas. Tampe a vasilha com filme plástico e deixe na geladeira por cerca de duas horas. Se estiver com pressa, pode colocar por uns 20 minutos no congelador. Isso vai fazer com que os temperos sejam melhor absorvidos e a farinha e o ovo dêem uma “liga” à carne, deixando-a mais consistente.

Retire da geladeira e, com as mãos, pegue um punhado de carne e faça uma “bolinha” do tamanho que preferir. Como sou guloso, prefiro fazer “bolonas”, então essa quantidade de carne vai servir para 03 ou 04 hambúrgueres. Feita a “bolinha”, corte o queijo gruyère em cubos de 1 a 2 centímetros e afunde o queijo no meio da carne, acertando depois para o queijo não ficar aparente.

Abra a massa com um rolo ou uma garrafa e embrulhe o hambúrguer nela. Essa massa é bem fácil de manusear e faça uma ligeira pressão com os dedos ao redor dela, tampando todos os buracos. Se quiser, pode untar com gema de ovo peneirada misturada com um pouco de café preto, que vai deixar com aquela cor da bisnaguinha da padaria.

Leve ao forno pré-aquecido e deixe assar por cerca de 45 minutos. Acho que esse hambúrguer é um prato por si só e dispensa acompanhamentos, mas se preferir pode servir com uma saladinha.


Acho que combina bem com um bom vinho tinto, e minha sugestão é um Malbec – Altos Las Hormigas, que tem um sabor bem encorpado.

Bem, esse vai ser meu almoço de hoje. E como vou contar com o “apoio” de “Bons Gourmands”, vou servir um risoto de fungi como acompanhamento. Deleitem-se!

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